20 janeiro 2016

Supercine nos anos 90


Há dois anos fiz um post sobre o suposto fim da Sessão da Tarde (que na verdade não terminou, apenas mudou de horário). O texto falava sobre a época em que as tardes da Globo eram povoadas não só por filmes infanto-juvenis, mas também por suspenses, dramas e comédias. Clássicos e produções da Disney, por exemplo, das décadas de 1960 e 1970, tinham lugar cativo na Sessão da Tarde.

Primeira vinheta do Supercine, quando estreou, em 1981

O post de hoje é sobre outra faixa de horário, a do Supercine. A estreia foi em 4 de abril de 1981, com o inédito Primeiro Você Chora (First You Cry, 1978), filme para a TV estrelado por Mary Tyler Moore, que havia sido recentemente indicada ao Oscar. 

Quando comecei a comprar fitas VHS e a gravar filmes, no começo dos anos 90, aguardava ansiosamente o sábado à noite, graças aos filmes que a Globo escolhia. A maioria era de suspense ou drama "baseado em fatos reais". Muitos deles, telefilmes americanos. Curioso também é notar como os filmes demoravam a chegar à nossa TV (alguns mais de 10 anos).

A vinheta dos anos 90
Chamada de Olhos Assassinos, em 1992
Difícil conter a nostalgia daquela (nem tão distante) era em que o Supercine garantia a diversão do sábado à noite caseiro. Fiz uma lista com 10 dos meus filmes favoritos exibidos no Supercine, na década de 1990. Muitos cheguei a gravar, na época. Abaixo estão eles, por ordem de exibição:


Blackout (Blackout, 1985)
Direção: Douglas Hickox
Com: Keith Carradine, Kathleen Quinlan, Richard Widmark, Michael Beck 
Estreia no Supercine: 27 de abril de 1991


Excelente suspense, salpicado por suspresas e pistas falsas. Telefilme acima da média, foi lançado em vídeo também e era figurinha fácil nas videolocadoras. Um policial aposentado (Widmark) continua obcecado em resolver um crime ocorrido anos atrás, em que uma família foi massacrada e o pai dado como desaparecido. Em suas investigações, o policial veterano esbarra no histórico de um homem (Carradine) com amnésia, que no passado sofreu um acidente de carro. O tal homem fez várias plásticas e reconstruiu sua vida ao lado da fiel enfermeira (Quinlan), cujo antigo namorado (Beck), inconformado, está disposto a tudo para tê-la de volta. No meio disso tudo, um assassino encapuzado aterroriza as mulheres da cidade.


Caroline? (Caroline?, 1990)
Direção: Joseph Sargent
Com: Stephanie Zimbalist, Pamela Reed, George Grizzard
Estreia no Supercine: 24 de agosto de 1991


Caroline (Zimbalist) retorna à casa paterna 14 anos após ter sido dada como morta em um acidente de avião. Agora ela quer se juntar à família novamente. Mas poucos acreditam nela, ainda que se mostre prestativa nos cuidados com o irmão e a irmã deficiente mental. Para piorar o clima de desconfiança, Caroline reapareceu justamente quando uma herança milionária, deixada pela avó, estava para ser dividida. Não será fácil convencer os familiares de que ela é mesmo Caroline. Ou não é?


Olhos Assassinos (Eyes of a Stranger, 1981) 
Direção: Ken Wiederhorn
Com: Lauren Tewes, Jennifer Jason Leigh, John DiSanti
Estreia no Supercine: 28 de novembro 1992


Uma destemida apresentadora de telejornal (Tewes) passa a perseguir um homem (DiSanti) suspeito de estuprar e matar mulheres. Quanto mais a jornalista avança em suas ousadas investigações particulares, mais o suspense cresce. Mas o que ela nem desconfia é que sua irmã (Leigh) — cega, surda e muda — está na lista como uma das próximas vítimas. Muitos sustos. Primeiro papel de destaque de Jennifer Jason Leigh.


Trama Fatal (Vanishing Act, 1986)
Direção: David Greene
Com: Mike Farrell, Margot Kidder, Elliott Gould, Fred Gwynne
Estreia no Supercine: 27 de fevereiro de 1993


O mistério começa com o desaparecimento de uma mulher, recém-casada. O marido (Mike Farrell) sai desesperado em busca da esposa sumida. Pede ajuda ao policial local (Gould), que se mostra meio cético. O mistério duplica-se quando a tal esposa (Kidder) reaparece. Mas o marido jura de pés juntos que aquela não é sua mulher, por mais que ela afirme e dê provas. Ótimo telefilme, com surpreendentes reviravoltas na trama.


Morte no Inverno (Dead of Winter, 1987)
Direção: Arthur Penn
Com: Mary Steenburgen, Roddy McDowall, Jan Rubes
Estreia no Supercine: 27 de novembro de 1993


Uma atriz (Steenburgen) em busca de trabalho é contratada para substituir uma mulher morta. O convite, no entanto, vem de um senhor idoso que vive em uma antiga mansão isolada. Enquanto "ensaia", a atriz acaba descobrindo que foi envolvida em uma complexa trama, e sua vida também corre perigo. Excelente thriller de suspense do mesmo diretor de Bonnie e Clyde - Uma Rajada de Balas, feito numa fase de pouco destaque em sua carreira.


Irmãs Diabólicas (Sisters, 1973)
Direção: Brian De Palma
Com: Margot Kidder, Jennifer Salt, Charles Durning
Estreia no Supercine: 26 de fevereiro de 1994


Uma jornalista (Salt) testemunha um assassinato brutal em um prédio vizinho, mas a polícia não acredita na história. Obstinada, ela não sossega até provar que o crime aconteceu, de fato. A trama se adensa com o misterioso caso de duas irmãs siamesas, separadas: Dominique e Danielle (interpretadas por Margot Kidder, ainda antes da fama de Superman). Grande suspense de De Palma. Muitas vezes angustiante, esse cult é cheio de referências a Hitchcock. O filme levou mais de 20 anos para chegar à TV brasileira. A Globo chegou a programá-lo quatro vezes antes de exibi-lo pela primeira vez no Supercine.


O Engano (Deceived, 1991)
Direção: Damian Harris
Com: Goldie Hawn, John Heard, Damon Redfern
Estreia no Supercine: 28 de outubro de 1995


Primeiro e único filme de suspense protagonizado por Goldie Hawn, sempre estrela de grandes comédias. Curioso assisti-la em um filme "sério", sem esperar que a qualquer momento algo engraçado vá acontecer. Ela faz o papel de uma mulher bem-sucedida, que leva uma vida feliz, até o dia em que o marido morre em um acidente de carro. De repente, vê-se envolvida em uma teia de estarrecedoras revelações sobre o homem com quem foi casada. E descobre que está no meio de uma trama diabólica.


A Outra Face da Inocência (Murder of Innocence, 1993)
Direção: Tom McLoughlin
Com: Valerie Bertinelli, Stephen Caffrey, Graham Beckel
Estreia no Supercine: 12 de julho de 1997


Baseado em fatos reais, o filme conta a história de Laurie (Valerie Bertinelli), uma dócil moça com traços de perturbação mental. O desequilíbrio começa a dar sinais visíveis logo após seu casamento. A narrativa mostra o agravamento de seu estado mental, de simples "apagões" a um comportamento psicótico. Seus pais, superprotetores, preferem fingir que sua doença não existe, em vez de tratá-la. Cada vez mais incontrolável, a personalidade insana de Laurie toma rumos cada vez mais trágicos.


A Noiva Assassina (Praying Mantis, 1993)
Direção: James Keach
Com: Jane Seymour, Barry Bostwick, Chad Allen
Estreia no Supercine: 20 de setembro de 1997


Saindo de seus usuais papeis de mocinha, sofredora e desprotegida, aqui Jane Seymour é a vilã. Um viúvo (Bostwick) pensa ter, finalmente, encontrado a esposa ideal. Ela (Seymour) é atraente, discreta, carinhosa e romântica. Mas a bela mulher tem um passado bizarro. Seu "hobby" é seduzir homens solitários e apaixonados, casar-se com eles e, então, matá-los, cometendo crimes perfeitos. A cada casamento, ela assume nova identidade. E, com o atual, não pretende fazer diferente. Mas desta vez a coisa vai ser um pouco mais complicada, pois ela não contava com certos contratempos.


A Ira de um Anjo (Child of Rage, 1992)
Direção: Larry Peerce
Com: Mel Harris, Dwight Schultz, Ashley Peldon
Estreia no Supercine: 13 de março de 1999


Mais um "baseado em uma história real". O Reverendo Tyler (Schultz) e sua esposa (Harris) adotam um casal de crianças: uma menina de 7 anos e seu irmãozinho mais novo. Aparentemente bem educada e angelical, a garotinha Catherine vai, aos poucos, revelando uma personalidade cruel e manipuladora. Dada a explosões de raiva, ela se volta violentamente contra os que a cercam. O estranho e virulento poder de destruição da menina leva o terror à sua família. Os pais buscam, então, ajuda médica para tentar tratar a patologia de Catherine. Difícil é o telespectador controlar a vontade de esganar a menina, mesmo sabendo que ela é doente.