04 dezembro 2015

Gato por lebre


O nome do ator Robert Englund, à primeira vista, pode não despertar nenhuma lembrança. Mas o personagem imortalizado por ele certamente é conhecido nos quatro cantos do planeta: Freddy Krueger.

Robert Englund
Sua estreia no cinema foi em Buster and Billie (1974), mas Englund só ganharia destaque dez anos depois, ao protagonizar o inesquecível vilão de A Hora do Pesadelo (A Nightmare on Elm Street, 1984), uma das franquias de terror mais famosas de todos os tempos.

Seu começo de carreira, nos anos 70, foi pouco expressivo. Mas quando ele explodiu, nos anos 80, os distribuidores de fitas não perderam tempo e tentaram faturar com o nome dele. Slashed Dreams / Sunburst é um exemplo. Um dos primeiros filmes do ator, essa obscura e paupérrima produção, originalmente lançada em 1975, não tem NADA de terror. Mas quando A Hora do Pesadelo virou febre, em meados dos anos 80, Sunbusrt ("raio de sol", em inglês) foi resgatado do limbo, rebatizado de Slashed Dreams ("sonhos retalhados") e lançado em vídeo como filme de terror, aproveitando a fama recente de Englund e seu personagem Freddy Krueger.

Até a capa foi feita para fisgar os incautos

A história se passa em um cenário que lembra um pouco o de Amargo Pesadelo (Deliverance, 1972). Um casal de jovens estudantes resolve visitar um ex-colega que largou tudo para viver no mato, em meio à natureza selvagem. Na procura pelo colega, o casal contempla a paisagem e desfruta dos prazeres da natureza. 

E até difícil dizer do que se trata o filme. Durante quase uma hora, a câmera apenas segue o casal, enquanto sobem e descem montanhas, passam por trilhas e dormem à beira do lago. A impressão é que o diretor saiu filmando a esmo, sem roteiro nem trama. Para piorar, o filme é terrivelmente arrastado e pontuado por músicas chatíssimas (e aparentemente intermináveis), espécie de pastiche de Joan Baez. Uma tentativa de mostrar a busca dos jovens pelo sentido da vida? Ou de ensinar que, mesmo em meio à natureza, é preciso tomar cuidado com possíveis estupradores à espreita? Ou ainda, promover rotas de trilhas no interior da Califórnia do Norte?

O casal sonífero
Claro que o passeio não ficaria por isso mesmo. Para intimidar o insosso casal, aparecem dois caipiras pervertidos e meio retardados. Observam, fazem perguntas bobas e depois somem. Lá pelas tantas, os matutos tarados ressurgem. Um deles violenta a garota, enquanto o outro segura o rapaz. Tudo extremamente precário. 

A dupla de caipiras "do mal"
Robert Englund, no filme, é o tal amigo que largou a faculdade para ir buscar o sentido da vida no meio do mato. Ele só aparece nos 10 minutos finais do filme, para tentar consolar a colega estuprada e o colega espancado. O filme termina com o casal andando, ao pôr do sol. Ou seja: assistir a este filme por causa de Robert Englund é perda de tempo, pois nem de longe trata-se de um filme de terror ou mesmo suspense. É um melodrama hippie datado e mal feito, possivelmente sobre o sentido da vida, o amor e a importância de se conectar à natureza para encontrar seu verdadeiro eu.

Englund, quando finalmente dá as caras, no fim do filme
Hoje, aos 68 anos, Robert Englund mora com a esposa, na Califórnia, e continua atuando em filmes e séries de TV. Apesar de Freddy Krueger ter ficado para trás, será sempre lembrado por antigas e novas gerações de fãs de terror.

Englund hoje em dia

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