25 dezembro 2015

Sexta básica de (in)utilidades


O "Réveillon"



A mesa

Na casa ainda permanece a decoração de Natal que fica até o dia de Reis (6 de janeiro). Na mesa, porém, tudo se modifica. O luxo na ceia de réveillon não é ostentação. É estilo e requinte. A mesa aparece paramentada com a toalha mais fina. Prata, cristais e porcelanas brilham à luz de velas. Se a mesa for longa, a decoração pode ser complementada por finas peças de porcelana. Nessa noite, as rosas não cedem lugar aos cristântemos nem às flores do campo. Rosas são um detalhe necessário porque, queiramos ou não, a passagem do ano de certo modo nos formaliza. Por quê? Porque as horas dessa noite estão carregadas de nostalgia. Rosas combinam com nostalgia, com intimidade e com o amor fraterno dos amigos.


Organizando uma ceia "buffet" para um grupo maior, as mesinhas receberão toalhas idênticas à da mesa principal e serão decoradas com as mesmas flores. Enfim, tudo igual para não quebrar a perfeita harmonia da noite.




Etiqueta e boas maneiras, de Martha Calderaro
Editora Nova Fronteira, 1983



Itens anteriores da Sexta básica de (in)utilidades:










16 dezembro 2015

Então é Natal...


Muito antes da era dos complexos presentes eletrônicos, dos shopping centers e da revolução sexual, os presentes de Natal podiam ser, digamos... inusitados. Presentes comuns na década de 1950, por exemplo, seriam impensáveis nos dias de hoje. Naquele tempo, a lista incluía — sem nenhuma ironia — pacotes de cigarro, aspiradores de pó (para as dedicadas esposas) e até espingardas e revólveres (para toda a família, dos pais aos filhos). Abaixo, alguns anúncios de revistas americanas da época:


"Dos 7 aos 17" - Espingardas eram, aparentemente, o presente perfeito para crianças e adolescentes.




"Não é hora de dar a si mesmo um presente de Natal?" - A fabricante de revólveres Colt oferecia vários modelos. A cara do Natal!




"Nossa, pai... Uma Winchester!" - A cara da felicidade. Afinal, qual criança não vibraria de satisfação ao ganhar de Natal uma... espingarda?




"O presente que todo esportista quer" - E você tinha alguma dúvida? Serve até de decoração para a árvore de Natal.




"Faça desse Natal um Natal Browning" - A fabricante Browning estava certa de que suas espingardas eram o must dos presentes de Natal.




"O presente de Natal de Bob!" - Adivinhe qual é? Isso mesmo, um rifle.




"Pra que lavar a louça depois da ceia de Natal?" - Uma moderníssima lava-louças alardeava as vantagens de tê-la em casa. Um sonho para qualquer esposa da época.




"Ela está apaixonada... E vai amar!" - Sim, um jogo de talheres podia ser o presente ideal para as mulheres que viveram os anos dourados. 




"Na manhã de Natal, ela estará mais feliz com um aspirador de pó" - Era o que anunciava a famosa marca Hoover.




"O cigarro cuja suavidade você pode medir" - Papai Noel foi garoto-propaganda dos cigarros Pall Mall.




"Luckies são suaves para minha garganta", atestava o próprio Papai Noel. Quem duvidaria do bom velhinho?




"Presentes que dizem Feliz Natal a cada baforada..." - Até para o cigarro Camel o bom velhinho fez propaganda.




"Estou enviando Chesterfields para todos os meus amigos" - Até Ronald Reagan dava de presente belos pacotes natalinos do cigarro Chesterfiled, com dedicatória e tudo.




11 dezembro 2015

O fenômeno editorial da Era de Aquário


No começo dos anos 1970, uma febre editorial tomou conta do mundo: a Astrologia. O filão, que ganhou força no fim da década de 1960, encontrou seu expoente na figura enigmática de Linda Goodman.

Linda Goodman nos anos 1960

Astróloga e pesquisora norte-americana, Goodman tornou-se um dos nomes mais importantes do esoterismo mundial, após o lançamento do best-seller Seu Futuro Astrológico (1968), o livro que popularizou a Astrologia na Era de Aquário. Originalmente intitulado Linda Goodman's Sun Signs, a obra encabeçou a lista dos mais vendidos do New York Times no mesmo ano em que foi publicado. Até hoje é popular em livrarias mundo afora.



Apesar de atualmente um tanto quanto datado, o livro traz curiosas análises dos diferentes tipos de personalidade, baseadas no horóscopo dos signos do Zodíaco. Foi o primeiro livro de Astrologia a entrar para a lista dos mais vendidos do New York Times.

Nada mal para uma autora que estreava aos 43 anos. Mas, ao contrário do que muitos podem imaginar, Linda era uma mulher excêntrica e reclusa, avessa a badalações. Extremamente dedicada às pesquisas e estudos astrológicos, lançou, em 1978, outro estouro de vendas: Os Astros Comandam o Amor (Linda Goodman's Love Signs). O calhamaço, de 900 páginas, é recheado de frases capazes de chamar a atenção da maioria dos leitores — não sem aquela inconfessável ponta de embaraço — que se aventurarem a folheá-lo:

"Um homem de Gêmeos pode encontrar felicidade com uma mulher de Virgem?"

"A relação entre uma escorpiana e um libriano será um tranquilo mar de rosas ou um eterno estourar de fogos?"

"Se você ê de Touro, ou vai amar ou odiar a pessoa de Escorpião. Não existe meio-termo."


Os capítulos são cheios de menções, que vão do clássico infantil Peter Pan, de J.M. Barrie, a outras fontes como o Evangelho, o pensamento dos Índios do Velho Oeste da América do Norte e o escritor Henry James.

O livro é salpicado por essas controversas visões e filosofias. De cara, começa com várias páginas de citações bíblicas e até mesmo uma carta escrita para sua filha, Sally, falecida em decorrência de uma overdose de anfetaminas em 1973 — uma morte que Linda acreditava ser, na verdade, a tentativa de esconder uma fuga. Tanto que, na carta, ela se dirige abertamente à filha como se esta estivesse viva e lendo o livro em 1978.

Extravagâncias à parte, desde sua primeira edição, Os Astros Comandam o Amor vendeu mais de um milhão de cópias. "Linda basicamente se opunha a lidar com a imprensa", explicou seu ex-assessor de imprensa, Arthur Klebanoff. "A única entrevista concedida à revista People, durante os anos em que trabalhei com ela, focou-se na morte de sua filha e não fez jus à Linda. Na verdade, o fato de Linda ser inacessível acabou virando um atrativo de marketing."

Em 1988, mais um lançamento da autora: Signos Estelares (Linda Goodman's Star Signs). De acordo com o New York Times, as vendas totais de Linda, dos três livros, em 15 línguas diferentes, somam mais de 60 milhões de cópias. Segundo o próprio jornal, "o que diferenciava os livros de Goodman era a combinação de seus insights precisos e seu estilo elegante e acessível."


Das pouco consistentes informações disponíveis sobre a autora, em seus próprios livros, é possível supor que Linda Goodman era uma mulher paradoxal, contraditória. Era mãe orgulhosa de sete filhos — dos quais dois não passaram da infância —, ainda que todos eles tenham se distanciado dela. Era uma patriota ferrenha, embora acreditasse piamente que o Governo norte-americano estivesse por trás de um plano secreto envolvendo a morte de sua filha Sally. Era uma estudiosa franciscana e também simpatizante do Vaticano, apesar de ter sido criada na tradição católica americana — sem contar que foi também considerada herege.

Goodman criticava astrólogos e conselheiros espirituais que cobravam por seus serviços, mas ela própria estava na lista dos autores mais lucrativos de sua geração. Vendeu os direitos da edição de bolso de Seu Futuro Astrológico pela fabulosa soma de 225 milhões de dólares, mas morreu sozinha e sem dinheiro. 

Linda Goodman, perto do fim da vida
Entre os poucos amigos, era considerada tanto carente como reclusa. Era, ao mesmo tempo, celebridade e eremita. Foi da primeira geração de diabéticos e dispor de insulina, mas optou por se tornar uma "frutariana" (pessoa que ingere apenas frutas e sementes cruas), o que pode ter levado à amputação de parte de sua perna, pouco antes de morrer, aos 70 anos. No fim de sua vida, seus filmes favoritos eram ...E o Vento Levou (Gone with the Wind, 1939) e Irmão Sol, Irmã Lua (Fratello Sole, Sorella Luna, 1972). Ela os exibia regularmente em casa, para seus seletos amigos íntimos. Morreu falida e solitária, em 1995.


04 dezembro 2015

Gato por lebre


O nome do ator Robert Englund, à primeira vista, pode não despertar nenhuma lembrança. Mas o personagem imortalizado por ele certamente é conhecido nos quatro cantos do planeta: Freddy Krueger.

Robert Englund
Sua estreia no cinema foi em Buster and Billie (1974), mas Englund só ganharia destaque dez anos depois, ao protagonizar o inesquecível vilão de A Hora do Pesadelo (A Nightmare on Elm Street, 1984), uma das franquias de terror mais famosas de todos os tempos.

Seu começo de carreira, nos anos 70, foi pouco expressivo. Mas quando ele explodiu, nos anos 80, os distribuidores de fitas não perderam tempo e tentaram faturar com o nome dele. Slashed Dreams / Sunburst é um exemplo. Um dos primeiros filmes do ator, essa obscura e paupérrima produção, originalmente lançada em 1975, não tem NADA de terror. Mas quando A Hora do Pesadelo virou febre, em meados dos anos 80, Sunbusrt ("raio de sol", em inglês) foi resgatado do limbo, rebatizado de Slashed Dreams ("sonhos retalhados") e lançado em vídeo como filme de terror, aproveitando a fama recente de Englund e seu personagem Freddy Krueger.

Até a capa foi feita para fisgar os incautos

A história se passa em um cenário que lembra um pouco o de Amargo Pesadelo (Deliverance, 1972). Um casal de jovens estudantes resolve visitar um ex-colega que largou tudo para viver no mato, em meio à natureza selvagem. Na procura pelo colega, o casal contempla a paisagem e desfruta dos prazeres da natureza. 

E até difícil dizer do que se trata o filme. Durante quase uma hora, a câmera apenas segue o casal, enquanto sobem e descem montanhas, passam por trilhas e dormem à beira do lago. A impressão é que o diretor saiu filmando a esmo, sem roteiro nem trama. Para piorar, o filme é terrivelmente arrastado e pontuado por músicas chatíssimas (e aparentemente intermináveis), espécie de pastiche de Joan Baez. Uma tentativa de mostrar a busca dos jovens pelo sentido da vida? Ou de ensinar que, mesmo em meio à natureza, é preciso tomar cuidado com possíveis estupradores à espreita? Ou ainda, promover rotas de trilhas no interior da Califórnia do Norte?

O casal sonífero
Claro que o passeio não ficaria por isso mesmo. Para intimidar o insosso casal, aparecem dois caipiras pervertidos e meio retardados. Observam, fazem perguntas bobas e depois somem. Lá pelas tantas, os matutos tarados ressurgem. Um deles violenta a garota, enquanto o outro segura o rapaz. Tudo extremamente precário. 

A dupla de caipiras "do mal"
Robert Englund, no filme, é o tal amigo que largou a faculdade para ir buscar o sentido da vida no meio do mato. Ele só aparece nos 10 minutos finais do filme, para tentar consolar a colega estuprada e o colega espancado. O filme termina com o casal andando, ao pôr do sol. Ou seja: assistir a este filme por causa de Robert Englund é perda de tempo, pois nem de longe trata-se de um filme de terror ou mesmo suspense. É um melodrama hippie datado e mal feito, possivelmente sobre o sentido da vida, o amor e a importância de se conectar à natureza para encontrar seu verdadeiro eu.

Englund, quando finalmente dá as caras, no fim do filme
Hoje, aos 68 anos, Robert Englund mora com a esposa, na Califórnia, e continua atuando em filmes e séries de TV. Apesar de Freddy Krueger ter ficado para trás, será sempre lembrado por antigas e novas gerações de fãs de terror.

Englund hoje em dia

06 novembro 2015

A trilha sonora não oficial de Vale Tudo


O sucesso da novela Vale Tudo (1988/89) não é novidade para nenhum brasileiro. Até quem não é noveleiro sabe disso. Além da trama e dos inúmeros personagens inesquecíveis — dos protagonistas aos secundários — um outro aspecto ajudou a perpetuar esse êxito: a trilha sonora. 


Impossível não associar à novela canções como Brasil (Gal Costa), Isto Aqui O Que É (Caetano Veloso), É (Gonzaguinha), Faz Parte do Meu Show (Cazuza) e Todo Sentimento (Verônica Sabino), entre outras. Mesmo a instrumental Sem Destino, de Léo Gandelman, nos remete instantaneamente ao núcleo rico e aos personagens sofisticados da novela. A introdução da faixa dava o tom às cenas de suspense ou aos golpes de Maria de Fátima (Gloria Pires), enquanto o restante da canção era a música de fundo dos jantares, coquetéis e reuniões dos grã-finos da novela.

A trilha internacional também marcou época, com os hits Father Figure (George Michael), Lost in You (Rod Stewart), Silent Morning (Noel), Paradise (Sade), entre outros, além da maior de todas, Baby Can I Hold You? (Tracy Chapman), tocada à exaustão tanto na novela como fora dela. 


Produto da era em que as trilhas sonoras das novelas eram recheadas de sucessos que caíam rapidamente no gosto dos telespectadores e eram associados aos personagens, os discos nacional e internacional de Vale Tudo não fugiram à regra. Mas além da riqueza das faixas em si, muito bem utilizadas e exploradas ao máximo na trama, outras tiveram também presença marcante, apesar de não terem sido incluídas nos LPs oficiais da novela.

Do LP Ocidente (1988), de Léo Gandelman, a já mencionada Sem Destino entrou na trilha oficial de Vale Tudo. Mas três outras faixas do álbum Ocidente também permearam boa parte da trama de Gilberto Braga: Pensando em Você, que servia de tema para cenas românticas (ou melancólicas) entre alguns personagens, especialmente Fátima, No Ar, usada como uma espécie de tema 'sensual' também em cenas românticas ou como música de fundo em restaurantes, e Saxsambando, usada em cenas com pegadas mais cômicas, especialmente as de Aldeíde (Lilia Cabral). Ou seja: o disco de Léo Gandelman é quase uma trilha instrumental complementar à de Vale Tudo.

Ocidente (1988)

Max Pierre, um dos produtores musicais de Vale Tudo, comenta no livro Teletema Vol. 1 (2014), de Guilherme Bryan e Vincent Villari: "A exemplo do César Camargo Mariano em Mandala, eu convidei o Léo para fazer a trilha incidental, pondo em troca uma música dele no disco. E Léo ficou comigo lá, durante um mês, fazendo a trilha. A gente o colocava tocando e sax direto para a imagem gravada."

Outra faixa utilizada na fase inicial da novela foi Chansong, de Tom Jobim, que servia de tema para o personagem Rubinho (Daniel Filho) e seu sonho de se tornar um pianista famoso em Nova York. Chansong foi tirada do álbum Passarim (1987). Na época, Jobim já era mais do que reconhecido por suas realizações musicais. Mesmo assim, entre seus LPs, foi o primeiro a conferir ao músico um disco de ouro [mais de 100 mil cópias] no Brasil, como informou o site da Folha de S. Paulo. Assim como aconteceu com Tom Jobim, o sonhador personagem Rubinho esperava conseguir reconhecimento no exterior e ser valorizado como músico.

Passarim (1987)
O famoso Adágio em sol menor, mais conhecido como Adágio de Albinoni também serviu de tema para Heleninha e Tiago e pontuou alguns momentos dramáticos da história.


E um pequeno (e quase imperceptível) bônus: no primeiro capítulo, na festinha de 21 anos de Fátima, regada a bolinho com velinha, olhinho de sogra, cocadinha, docinho de leite, salgadinho enfeitado com florzinha de tomate, pode-se ouvir ao fundo Nem Um Toque, música de Rosana, que estava no auge do sucesso. A faixa fez parte do álbum Coração Selvagem (1987), cheio de hits e que transformou Rosana em diva.



29 outubro 2015

Double Vision


Sabe aqueles telefilmes do começo dos anos 1990? Com uma trama policial clichê e uma dose de sensualidade, mas tudo muito careta. Apenas pretensamente sexy, geralmente com belas mulheres de lingerie e galãs de cabelo comprido, ao gosto da época. Assim é Double Vision, baseado em um conto da popular autora americana de best-sellers Mary Higgins Clark.


A protagonista do filme é Kim Cattrall, ainda na fase pré-Sex And The City, quando fazia papeis sem importância em comédias baratas e filmes para a TV. Kim faz aqui duas personagens: as irmãs gêmeas Caroline e Lisa. 

A recatada Caroline e a saidinha Lisa
Lisa, a gêmea sensual e 'prafrentex', mora em Londres, é uma aspirante a modelo e tem um caso com um jovem marrento, vivido por Naveen Andrews - o Sayid de Lost - bem antes de se tornar conhecido do grande público. E ainda é amante de um homem mais velho e casado, vivido por Christopher Lee (um papel bem aquém do talento do veterano ator). 

Caroline, a gêmea certinha e recatada, mora nos Estados Unidos e tem constantes pesadelos e visões com a irmã. Decide, então, ir para Londres ver se está tudo bem com Lisa. Mas Lisa desapareceu. Caroline se faz passar pela irmã e, ao longo de sua investigação pessoal, descobre o tipo de vida que Lisa estava levando, assim como seus relacionamentos suspeitos. Acaba se envolvendo, contra sua vontade, com o namorado marrento da irmã, que pode (ou não) estar envolvido no sumiço de Lisa.

Christopher Lee e Kim Cattrall
Naveen Andrews
O visual do filme é bem datado, pra não dizer cafona. Apesar de ser do começo da década de 90, ainda cheira a final de anos 80. O telespectador sabe que se trata de uma pessoa interpretando dois papeis, mas o diretor tenta torná-las bem distintas exagerando nas diferenças de comportamento e indumentária entre as gêmeas.

As atuações são bem canastronas e a música é sofrivel, típica de filmes de baixo orçamento daquela época. Mas vale como curiosidade para fãs de Kim Cattrall e Naveen Andrews. Em outras palavras, uma chance de ver um triângulo amoroso entre Samantha Jones de Sex And The City, Sayid de Lost e o eterno vampiro Christopher Lee.


07 outubro 2015

Capetas em formas de guris


Em um post de dois meses atrás, escrevi sobre o filme A Inocente Face do Terror e comentei que crianças em filmes de terror sempre garantem bons sustos. Ainda mais quando elas são as vilãs. E como o Dia das Crianças está chegando, escolhi seis filmes em que os pequenos se juntam e tocam o terror, literalmente.

A Aldeia dos Amaldiçoados (Village of the Damned, 1960)



Direção: Wolf Rilla
Elenco: George Sanders, Barbara Shelley, Martin Stephens, Michael Gwynn, Laurence Naismith

Esse quase todos já assistiram, ou pelo menos conhecem de nome. Os habitantes da pequena cidade de Midwich, no interior da Inglaterra, desmaiam por algumas horas, sem motivo aparente. Ao acordarem, ninguém sabe o motivo do desmaio coletivo. O misterioso ocorrido chama a atenção do exército, que isola a área e considera o assunto como segredo militar. Dois meses depois, as mulheres ficam grávidas. Mas quando as crianças nascem, se mostram extremamente inteligentes e com traços desconhecidos da raça humana. Todas se parecem, têm o mesmo peso e o mesmo cabelo branco. Todas se desenvolvem precocemente e se comportam de forma estranha, como se conspirassem algo. Obra do diabo? Ou de alienígenas? As criancinhas são realmente assustadoras e o clima sombrio funciona perfeitamente. Ganhou uma refilmagem em 1995, dirigida por John Carpenter e estrelada por Christopher Reeves. 


Peopletoys (1974)



Leif Garrett e Shelley Morrison
Direção: Sean MacGregor
Elenco: Sorrell Booke, Gene Evans, Taylor Lacher, Shelley Morrison, Leif Garrett

Esse é da cota dos ultra-mega-obscuros. Também conhecido como Devil Times Five (Diabo vezes cinco), Tantrums (Fúrias) e The Horrible House on the Hill (A horrível casa na colina). Em uma colina coberta de neve, cinco crianças sobrevivem a um acidente com a van em que estavam. Arrastam-se para fora do veículo e seguem andando, até que encontram uma pousada afastada, onde se escondem. Lá estão hospedados um rico empresário e seus amigos. Depois de algum tempo, as crianças dão as caras, explicam aos adultos que sofreram um acidente e estão aguardando socorro. Coisas estranhas começam a acontecer e o grupo se vê sem eletricidade e sem telefone. Um a um, os adultos tornam-se presas em um jogo que resulta na morte violenta de cada um. Quando os poucos adultos restantes começam a desconfiar que as mortes têm ligação com as esquisitas crianças, já é tarde. Não espere um festival de sangue e tripas. O filme é arrastado e a atmosfera assustadora é criada lentamente, ao mostrar as crianças cada vez mais perturbadas e psicóticas. Uma delas, aliás, é Leif Garrett, ainda novinho e antes de se tornar ídolo adolescente. Seu persongem é uma espécie de drag queen mirim enrustida. A mãe de Leif, Carolyn Stellar, também está no elenco, assim como a irmã de Leif, Dawn Lyn. Outra presença interessante é Shelley Morrison, a Rosario de Will & Grace, ainda jovem e bonitona.


Quem Pode Matar uma Criança? 
(¿Quién puede matar a un niño?, 1976)



Direção: Narciso Ibáñez Serrador
Elenco: Lewis Fiander, Prunella Ransome, Antonio Iranzo, Miguel Narros, María Luisa Arias

Esse é um tesouro escondido, obrigatório para os apreciadores do gênero. Realmente perturbador e ainda assustador. Um simpático casal de ingleses, de férias, resolve ir até uma ilha na Espanha. A mulher está grávida. Ao chegarem lá, se deparam com o local deserto. Não há ninguém. Aos poucos, as crianças vão surgindo, misteriosas. Um clima de tensão se instala. Sem obter respostas, o casal percebe que algo muito estranho aconteceu ali. Descobrimos depois que os adultos foram mortos pelas crianças, sem razão aparente. Enigmáticos, traiçoeiros e violentos, os pequenos habitantes da ilha passam a intimidar o casal, que precisa agora lutar pela sobrevivência. Por muito tempo, o filme, com cenas fortes, teve problemas com a censura e diversas edições com vários cortes. Chegou a ser banido de alguns países. Foi lançado simultaneamente com os nomes Would You Kill a Child? (Você mataria uma criança?) e Death is Child's Play (A morte é brincadeira de criança) no Reino Unido. A American International Pictures lançou o filme como Trapped! (Capturados) e Island of the Damned (Ilha dos amaldiçoados) simultaneamente nos EUA.


The Children (1980)



Martin Shakar
Direção: Max Kalmanowicz
Elenco: Martin Shakar, Gil Rogers, Gale Garnett, Shannon Bolin, Tracy Griswold

Aqui a história é sobre cinco crianças de uma cidadezinha que, após contato com uma nuvem de fumaça tóxica, tornam-se frias e aparentemente sem alma. A tal fumaça, que vazou de uma usina nuclear, atingiu o ônibus escolar em que estavam as criancinhas. Os zumbis mirins, cujas unhas tornaram-se pretas (como se tivessem usado esmalte preto), adquirem o poder de queimar, em poucos segundos, tudo que tocam. Daí em diante vira um festival de carne tostada, já que os adultos fritam feito churrasco quando encostam nessas crianças. Os que conseguiram se manter vivos precisam deter esses diabinhos, tarefa que se mostra mais difícil do que o imaginado. O filme, de baixíssmo orçamento, vale mais pela presença de Martin Shakar, que viveu o irmão de Tony Manero em Os Embalos de Sábado à Noite. No geral, as atuações (inclusive das crianças) são fraquíssimas e os efeitos visuais, risíveis.


Aniversário Sangrento (Bloody Birthday, 1980)




Direção: Ed Hunt
Elenco: Lori Lethin, Melinda Cordell, Julie Brown, K.C. Martel, Billy Jacoby, Elizabeth Hoy

Esse é meu favorito sobre grupo de psicopatas precoces. Nada faz muito sentido, mas o filme prende a atenção. Algum dia ainda farei um post inteiramente dedicado a ele. Três crianças nascem ao mesmo tempo, de pais diferentes, durante um eclipse solar. Dez anos depois, prestes a comemorarem o décimo aniversário, o trio começa a matar, aparentemente por simples prazer mórbido. Obedientes, educados e bons alunos, ninguém suspeita dos pequenos dissimulados. Até que um garotinho, Timmy, amigo do trio, começa a desconfiar que aqueles três não são tão bonzinhos quanto parecem. Com a ajuda de Joyce, sua irmã, Timmy precisa provar que as três pestinhas são as causadoras das mortes na vizinhança. Mas os jovens psicopatas não deixarão barato. O elenco infantil é ótimo. E Lori Lethin, que faz o papel da irmã de Timmy, estrelou vários filmes de terror B nos anos 80.


Colheita Maldita (Children of the Corn, 1984)



Direção: Fritz Kiersch
Elenco: Peter Horton, Linda Hamilton, R.G. Armstrong, John Franklin, Courtney Gains

Um grupo de crianças assassina brutalmente todos os adultos de uma pequena cidade de Iowa, liderados pelo pastor mirim Isaac. Eles fazem parte de uma seita pagã juvenil que venera uma entidade sobrenatural. Três anos depois, um jovem casal viaja pelos EUA, quando se depara com uma criança morta - aparentemente atropelada - na estrada. Tentam buscar ajuda justamente na cidadezinha onde as crianças malévolas praticam a seita. A partir dali, precisam descobrir o que se passou naquele lugar e tentar salvar as próprias vidas. Baseado no conto "As Crianças do Milharal", de Stephen King. Mas o próprio King afirmou que detestou a adaptação para o cinema. De fato, é um filme difícil de ver inteiro, mas em certos momentos tem um clima interessante.