10 fevereiro 2009

Quanto pior, melhor - Parte 1

Entre os chamados filmes fantásticos mais procurados nas videolocadoras, a grande maioria pertence à chamada "produção B". São filmes de baixo orçamento que utilizam linguagem televisiva, elenco geralmente desconhecido e pouco convincente. Neles, o malfeito faz parte da própria curtição que o público espera. Há uma tendência do espectador em misturar o susto com o riso, dando espaço ao surgimento do humor negro. O filme Pânico (Scream, 1996), de Wes Craven, brinca justamente com isso e talvez por esse motivo – somado ao elenco de jovens talentos da época – tenha acertado no ponto. Não foi à toa que abriu um novo e aparentemente inesgotável espaço no mercado.

Como tudo na vida, os bad movies também têm seu lado bom, especialmente no terror, gênero em que um diretor ansioso por novas experiências pode fazer de tudo. Entusiasmada com a estrutura da obra de Alfred Hitchcock, a nova geração acrescentou alguns baldes de sangue e muita violência explícita, dando origem ao subgênero conhecido popularmente como "sangue-e-tripas".



Pelo menos dois filmes merecem citação como exemplos de talento no mundo do "quanto pior, melhor". Um é A Morte do Demônio (The Evil Dead, 1981), do hoje consagrado Sam Raimi (diretor do recente sucesso Homem Aranha). Os atores são péssimos, a direção de arte inexistente, a história ridícula e os diálogos canhestros. Mas a montagem, os movimentos de câmera, todo o ritmo do filme foi inovador e mostra o extraordinário domínio do espaço por esse cineasta que se tornou um dos melhores da novíssima geração americana.


Outro manjadíssimo é o já comentado Sexta-feira 13 (Friday The 13th, 1980), de Sean Cunningham. O filme acabou gerando uma série de incontáveis continuações, todas parecidíssimas, e transformou o psicopata Jason no herói americano dos anos 80. A cada filme da série decaía a qualidade, mas o sucesso de público continuava. Tudo porque os sustos já eram conhecidos e o riso nervoso passava a ser rotineiro.

O mesmo aconteceu com a série A Hora do Pesadelo (A Nightmare on Elm Street, 1984), do mesmo diretor de “Pânico” que, aliás, foi um dos precursores do gênero sangue-e-tripas. A filmografia de Wes Craven é extensa, incluindo clássicos trash como Aniversário Macabro (The Last House on the Left, 1972), Quadrilha de Sádicos (The Hills Have Eyes, 1977) e A Maldição dos Mortos-Vivos (The Serpent and the Rainbow, 1988).



Continua na Parte 2.

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